Você já é adepto do home office há um tempo? Ou está entrando nesse universo agora? Bom, a verdade é que, se você ainda não viveu, pelo menos já deve ter ouvido falar de algum dos desafios do trabalho remoto.
Uma pesquisa da Buffer e AngelList aponta que as dificuldades na comunicação, a solidão e não conseguir se desligar do trabalho estão no topo da lista de reclamações dos profissionais remotos. Mas não se engane: as distrações em casa, a falta de motivação e até a conexão ruim do Wi-fi aparecem entre as queixas.
Sabe como é, né? No início, você consegue relevar e até achar graça naquela interrupção inesperada no papo diário com o time. Afinal, não dá para controlar o latido do pet. Nem a instabilidade da internet — que, mesmo com todas as garantias dadas na contratação, resolve parar de funcionar.
Só que, com o tempo, essas e outras coisinhas passam a realmente incomodar. Mas calma, porque para tudo existe uma solução.
Para todos desafios do trabalho remoto, múltiplas soluções
Antes de qualquer coisa, é preciso entender: cada pessoa se adapta ao trabalho remoto de um jeito. Não somos iguais. Por isso, infelizmente não existe uma “receita” para eliminar os problemas num passe de mágica.
Um dos benefícios do trabalho remoto é a liberdade para criar suas próprias regras. Por isso, não estamos aqui para ditar o que você deve fazer. Nada do tipo “você precisa de uma mesa de escritório”, “de um horário certo de trabalho”, sequer “de rotina”.
Nossa ideia é te apresentar os desafios do trabalho remoto mais frequentes e oferecer algumas estratégias que você poderá testar para resolvê-los. O segredo é ir adaptando essas dicas ao seu dia a dia e identificando o que funciona melhor para você e o seu time. Pronto? Então vamos lá:
Comunicação e colaboração
20% dos profissionais que adotam o teletrabalho apontam a colaboração/comunicação como principal dificuldade
*dados do State of Remote Report 2020, da Buffer e AngelList
E, do ponto de vista das lideranças nas empresas, isso não está longe da realidade, como mostra um estudo de Harvard.
Uma vez trabalhando fisicamente separados, você não pode dar a volta na mesa para tirar uma dúvida com o seu colega. Sua comunicação fica restrita, portanto, aos e-mails e chats internos da companhia.
E, falando francamente, quem nunca se distraiu programando, redigindo um texto, editando um vídeo, ou qualquer outra coisa? Ficamos “ausentes”, empenhados em uma função por algumas horas, até percebermos aquela mensagem, sobre um assunto que exigia nossa atenção imediata.
Por outro lado, quantas vezes não precisamos de uma informação para dar seguimento a uma demanda e, sem uma resposta, ficamos de “mãos atadas” enquanto aguardamos nosso colega checar o e-mail e nos atualizar sobre os próximos passos.
Como resolver?
Grande parte dos ruídos de comunicação podem ser resolvidos dando mais visibilidade dos projetos para o time.
Uma boa saída é criar ocasiões para que você e seus colegas troquem informações sobre o que estão fazendo e se atualizem sobre tarefas compartilhadas. Você pode agendar uma reunião rápida, no início do dia, para que cada membro do time pontue o que foi finalizado, o que será desenvolvido e se precisará da ajuda de alguém. Elas podem ser feitas pelo Hangouts, do Google, pelo Zoom, ou outros aplicativos de conferência.
Outra sugestão é trocar mensagens, registrando, por escrito, o status das atividades em desenvolvimento. Você pode optar por algo mais formal, enviando uma ata por e-mail, ou compartilhar updates de maneira informal, através dos grupos que tenham nas redes sociais ou pelo chat da empresa — o Slack e o Workplace Chat, do Facebook, são alguns dos exemplos mais comuns.
Além disso, é muito importante que você esteja familiarizado com plataformas que facilitam a gestão de projetos e atividades, à exemplo do Trello e do Notion. Com elas, é possível atribuir responsabilidades à cada integrante do time; ser notificado quando uma tarefa da qual seu trabalho depende é concluída; centralizar documentos e dados essenciais, que podem ser acessados a qualquer momento, por quem precisa; enfim: organizar os processos e dar mais fluidez à rotina de trabalho.
Produtividade e lazer
Muita gente opta pelo trabalho remoto para ter mais flexibilidade, passar menos horas no trânsito e poder estar mais próximo da família. Se esse é o seu caso, você não vai querer ver seus sonhos de uma vida mais plena e equilibrada caírem por terra e entrar para estatística de profissionais que não conseguem se afastar do trabalho, certo? Afinal:
18% dos profissionais que adotam o teletrabalho tem dificuldade para se desconectar e 5%, para tirar férias
*dados do State of Remote Report 2020, da Buffer e AngelList
Como resolver?
Se você está buscando vagas de trabalho remoto pela primeira vez, nossa dica é ficar atento a descrições relacionadas a carga horária. Isso para identificar se se trata de um programa flexível ou se você deverá estar disponível em períodos específicos, como em horários comerciais.
Se tiver oportunidade, vale investigar ainda como é feito o controle de ponto, de banco de horas para folgas e se existe remuneração por horas extras, por exemplo. Além disso, uma vez em contato com o RH da empresa, é bom saber de antemão quais as políticas adotadas para férias. Assim poderá se planejar com antecedência.
Agora, se você já está inserido na modalidade e anda sofrendo para se desligar do trabalho quando a jornada chega ao fim, existem algumas ações que podem te ajudar a desconectar — e o mais importante: sem dor na consciência.
Checking in, checking out
Vamos supor que você começa sua jornada mais cedo que os seus colegas de time. Eles acabam, por sua vez, ficando até mais tarde. O problema é que eles geram novas demandas para você, que fica sem graça ou se sente na obrigação de atendê-las, e por isso não consegue encerrar as atividades na hora certa.
Uma saída é alinhar com o seu time uma espécie de check in e check out. Nesse sistema, você avisa para o grupo sempre que fica disponível e inicia as suas atividades. Da mesma forma, pouco antes de encerrar a jornada, você checa se alguém precisa de suporte imediato e avisa que está desconectando.
Com isso, é possível ficar tranquilo de que tudo que é urgente foi solucionado e que, salvo em casos extraordinários, as demandas que surgirem depois poderão ser resolvidas no dia seguinte.
Uma agenda personalizada
Outra estratégia é criar uma rotina de trabalho. E aqui vale o lembrete: isso não significa obedecer a uma carga horária de 8 às 18. Tem mais a ver com organização.
Nesse sentido, se o seu emprego oferece essa flexibilidade, você pode adaptar sua agenda, concentrando as atividades naquelas horas em que você sabe ser mais produtivo. Em contrapartida, sabendo que está dentro do cronograma, poderá se sentir livre para fazer o que precisa, sem culpa.
Eu, por exemplo, produzo mais na parte da manhã e da noite. É quando as palavras correm mais fáceis da cabeça para a ponta dos dedos, para a tela do computador. As tardes, porém, são para mim um verdadeiro hiato criativo. Reservo para elas as atividades mais automáticas, com dados, planilhas, gráficos.
Além disso, é sempre bom fechar um dia de trabalho com uma lista das atividades que foram cumpridas, o que ficou pendente e o que ainda precisa finalizar. Assim você saberá o que priorizar e por onde começar no dia seguinte, para conseguir encerrar sua jornada na hora certa.
Descansar é essencial
Se distrair, fazer uma pausa e dormir bem são aspectos essenciais para manter sua produtividade.
E não sou eu quem estou dizendo: um estudo da Universidade de Saarland, na Alemanha, aponta que 45 minutos de sono já são capazes de aumentar em até 5 vezes a nossa capacidade de memorização. Só que tem mais: de acordo com a Alert Solutions, cochilar por cerca de 26 minutos também nos deixa mais alertas.
Ou seja: não vale sacrificar horas de sono na frente do computador, se no dia seguinte você estará cansado, desatento, estressado e desmotivado. Se isso não é motivo suficiente para te convencer a tirar seu cochilo pós-almoço, sem culpa, e dormir suas 8h de sono necessárias por dia, eu não sei o que é.
Distração e motivação
A gente sabe que apesar de oferecer muita liberdade — afinal, você pode trabalhar de qualquer lugar — o trabalho remoto pode te deixar mais exposto a distrações.
12% dos profissionais que adotam o teletrabalho tem dificuldades para lidar com distrações em casa e 7%, para se manterem motivadas
*dados do State of Remote Report 2020, da Buffer e AngelList
Em casa, maridos, esposas e filhos podem ficar animados com a ideia de te ter por perto, sem se dar conta de que nem sempre você está disponível.
Já se você recorre a escritórios coworking ou cafés, pode ter sua atenção roubada pelas pessoas que passam ou se reúnem em volta da sua mesa para discutir ideias de projeto e até bater um papo informal.
E, no final do dia, apesar de se sentir cansado por ter ajudado seu filho com os deveres de matemática ou participado do brainstorming de uma nova campanha, você sabe que não cumpriu suas principais tarefas e se sente frustrado.
Como resolver?
Nem sempre é possível ter um espaço dedicado exclusivamente ao seu home office. Nem é nossa intenção limitar sua mobilidade. Afinal, esse é um dos benefícios do trabalho remoto: poder levá-lo para onde você for.
Mas existem outros recursos que podem te ajudar em momentos críticos, como em meio a uma reunião importante ou diante de prazos apertados. Um simples aviso de que está ocupado já serve para inibir uma interrupção desnecessária. Vale comunicar verbalmente ou mesmo recorrer a uma plaquinha na porta do quarto ou da sala, pedindo silêncio.
Além disso, vale investir em acessórios que te ajudem a se “isolar” do mundo exterior. Fones com isolamento acústico, à prova de ruídos, por exemplo, podem impedir que barulhos do ambiente de cafés ou conversas de corredor interrompam seu fluxo de pensamento e te impeçam de concluir seus objetivos.
E por falar em concluir objetivos, algo que ajuda na motivação diária é o cumprimento de metas. Você pode quebrar os projetos que está desenvolvendo em pequenas etapas, estabelecendo metas para cumprir diária ou semanalmente, por exemplo. Assim fica mais fácil priorizar e focar nas tarefas essenciais.
Criando suas próprias regras
Para se dar bem no trabalho remoto é preciso um mix de disciplina, boas ferramentas e alguma prática. É que, como a gente viu, a modalidade promete uma rotina flexível e com mais qualidade de vida. Mas é preciso estar sempre atento aos limites entre sua vida profissional e pessoal.
Por isso, aproveite a sua liberdade para criar suas próprias regras. Aquelas que funcionam melhor para você. A gente te deseja sucesso nessa empreitada. E se estiver em busca de uma vaga 100% remota, pode contar com a gente.