Após um ano de pandemia de COVID-19 e com o aumento considerável do número de casos e, principalmente, de mortes, como estão as relações de trabalho no Brasil? O home office, que se fez necessário para conter o avanço da doença, veio para ficar? Como está a saúde dos colaboradores que trocaram o escritório pela própria casa? E para as empresas, tal mudança foi benéfica?
Os questionamentos que envolvem o trabalho remoto são muitos e totalmente pertinentes, uma vez que a modalidade ainda engatinhava no país e precisou ser “enfiada goela abaixo” praticamente de uma semana para a outra. Depois de um ano, já é possível fazer uma análise e traçar as perspectivas para o futuro próximo.
Produtividade
A maior dúvida em relação ao trabalho remoto tem a ver com a produtividade dos colaboradores. Afinal, o home office combina o ambiente profissional com o pessoal, este último conturbado pelo isolamento social de famílias inteiras.
Imagine misturar a rotina de trabalho e reuniões com afazeres domésticos e acompanhamento de filhos pequenos em aulas online, por exemplo. Este novo ambiente fez viralizar situações inusitadas em que os pequenos invadiam reuniões corporativas, arrancando risos dos participantes.
Afinal, é possível manter a equipe focada, motivada e produtiva longe do escritório? A imagem do profissional de pijama com o notebook aberto na frente da televisão é real ou apenas uma caricatura do novo modelo de trabalho?
Menezes completa dizendo que a empresa fez uma consulta entre os colaboradores e constatou que apenas 2,5% preferiam trabalhar de maneira presencial. E que mesmo setores da empresa que demandavam presença constante no escritório, como o RH e Departamento Comercial, se saíram muito bem trabalhando remotamente.
As gigantes e o trabalho remoto
A IBM é outra empresa que aposta no trabalho remoto. Em entrevista à Bloomberg, o CEO da gigante norte-americana Arvind Krishna adiantou que dificilmente a IBM voltará a trabalhar no sistema tradicional quando a ida aos escritórios estiver autorizada. No Brasil, o discurso está alinhado com o do executivo.
Adaptação à nova rotina
Para quem nunca trabalhou em casa, a adaptação ao novo modelo é um desafio. É preciso ter disciplina, comprometimento e responsabilidade para administrar o tempo entre o trabalho e a família. A dica é encarar com as mesmas regras e rotinas as tarefas profissionais transferidas da mesa do escritório para a mesa de jantar.
Para os gestores, essa nova cultura corporativa é ainda mais desafiadora. Afinal, muitas vezes uma conversa frente a frente com a equipe pode trazer resultados muito mais efetivos do que uma mensagem, reunião, vídeo conferência ou ligação. Nesses casos, é necessário conhecer ainda melhor cada membro e personalizar a relação profissional com ele.
Imagine para um profissional da TV, acostumado a trabalhar ao vivo dentro de um estúdio. É o caso do comentarista esportivo dos canais ESPN e Fox Sports Gustavo Hofman, que junto com a equipe da emissora passou a trabalhar de maneira remota.
Ganho em qualidade de vida
A flexibilidade de locais e ambientes é outro aspecto que torna o home office tão interessante. Trabalhando de maneira remota, é possível sair de grandes centros urbanos e metrópoles e migrar para cidades pequenas, com ganhos enormes em qualidade de vida, inspiração e produtividade.
Vinhedo, cidade de 80 mil habitantes localizada a 80 quilômetros de São Paulo e 13ª colocada no ranking brasileiro do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), vive um boom na procura por imóveis residenciais, tanto para compra como para locação, desde o início da pandemia. Em sua maioria, são famílias que migraram para o trabalho remoto e deixaram a cidade de São Paulo em busca de tranquilidade no interior.
Além da possibilidade de levar uma vida mais calma, as empresas remotas têm proporcionado um maior contato com a família, o que é deveras importante para o aproveitamento profissional do colaborador.
Economia para as empresas e para os colaboradores
Trabalhar remotamente pode representar uma enorme economia para as empresas, que precisam de uma estrutura muito menor. No caso da ART IT, três dos quatro andares que ocupava em um prédio comercial ficaram vagos e foram entregues. O andar que restou vai passar por uma reforma e se transformar uma espécie de coworking privativo, um espaço compartilhado para fazer reuniões, receber clientes ou para colaboradores que queiram matar a saudade do escritório.
Com a economia gerada pelo enxugamento da estrutura, a empresa pode aumentar os benefícios para seus funcionários, bem como investir em ferramentas de comunicação, colaborativas e digitalização de processos para que o trabalho remoto seja ainda mais eficiente e prazeroso. Além disso, com o capital excedente, investimentos podem ser direcionados para o crescimento da empresa e para a adaptação ao novo modelo de negócios.
O mesmo vale para os profissionais, que passam a economizar com deslocamento, estacionamento e refeições na rua. Ter dois veículos na família, por exemplo, passa a ser totalmente desnecessário. O mais importante, contudo, é o ganho de tempo. Em grandes metrópoles, o ato de ir e voltar do trabalho pode significar a perda de duas a três horas todos os dias. Imagine quanta coisa é possível fazer com esse tempo que sobra.
The dark side
O trabalho remoto é muito recente e algumas pessoas ainda não estão totalmente adaptadas. Há situações de estresse, desequilíbrio entre a vida pessoal e profissional ou sobrecarga de trabalho. Contudo, muito do desconforto causado pelo home office tem mais a ver com o momento delicado pelo qual o mundo todo está passando do que pela nova modalidade de trabalho. Pandemia, isolamento social, mortes, riscos e incertezas são gatilhos para angústias, tensões e atritos.
Guerras, pandemias e tragédias sempre trouxeram grandes mudanças para a sociedade. As relações sociais, culturais e de trabalho, o desenvolvimento da ciência e de novas tecnologias, o comportamento das pessoas, tudo se transforma.
Remotar, um ano!
E foi em meio a uma transformação, durante um momento muito difícil, que surgiu a Remotar Jobs, a melhor curadoria de vagas remotas do Brasil. Diante das dúvidas que a pandemia começava a trazer, havia a certeza que a maneira de trabalhar passaria por profundas mudanças. Dito e feito. Em uma velocidade assustadora, um novo modelo corporativo se apresentou.
Isso não foi um problema para nós da Remotar, afinal nossas fundadoras já trabalhavam remotamente há anos e conheciam muito bem as características desta nova realidade. Nossa preocupação foi oferecer uma ferramenta para que profissionais que perderam seus empregos em decorrência da crise gerada pela pandemia pudessem se recolocar. E não havia nada assim disponível, especialmente em áreas onde o trabalho remoto era pouco difundido.
Ao completar um ano, a Remotar se orgulha de ter alcançado seu objetivo. Com mais de 2 mil ofertas de emprego anunciadas e 450 empresas cadastradas, somos hoje a maior curadoria de vagas remotas do Brasil.
Para nós, muito mais importante do que apenas levar uma oportunidade de emprego é oferecer a possibilidade de a pessoa trabalhar onde e como quiser e se sentir bem com isso.